segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Sou e serei...

Sou PROMESSA, e te prometo que mesmo que a vida nos mostre caminhos opostos, estarei sempre em busca do nosso reencontro.

Sou PAIXÃO, e isso me faz despertar todas as manhãs, ansiosa pelo breve tempo em que nossos corpos possam ocupar um único lugar no espaço.

Sou AMIZADE, e como tal procurarei te ajudar em toda e qualquer circunstância da vida.

Sou SONHO, e buscarei estar presente em seus pensamentos, me renovando a cada manhã.

Sou DEMORA, e serei adorada sempre que o nosso beijo for longo.

Sou SAUDADE, e me sentirás intensamente, principalmente com a distância.

Sou ARCO-ÍRIS, e sutilmente surgirei para você após uma tempestade, para que você ganhe um Pote de Ouro.

Sou FELICIDADE, e me espalharei pela sua vida para que você faça pactos diários com a alegria.

Sou AMOR, e viverei intensamente cada momento dessa linda história!

E quando eu me for para sempre e não mais te ver?
Serei BRISA,
serei POESIA,
serei CANÇÃO.
Serei apenas O TEMPO QUE PASSOU...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

- AMAR -


Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar?

Amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?

Sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar?

Amar o que o mar traz à praia, o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru, um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte,
e a rua vista em sonho, e uma avede rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.


Carlos Drummond de Andrade.