sábado, 18 de abril de 2009

Intenso...

Intensamente o café aquece a nossa conversa interior
Chove ou neva, ou a janela está suja de rua
O lume não morreu na lareira e nos rostos
Elas dormiam e eu andava por ali à procura
Um livro para uma madrugada fria
Procurei um clássico, encontrei poemas e cartas
Dum poeta falecido gasto pela vida e os pés
Dos outros calçados no seu rosto e corpo
O seu parisiense túmulo é um arraial de sonhos,
Lágrimas, beijos na pedra, luzes, flores e poemas
Queimados no altar da saudade e sabe-se lá que mais...

Numa criatividade que me espanta e acalenta, leio e reflito.
Bebo o resto do café e mato o sono de vez
Cinco da manhã, seis da manhã e sete da manhã
A pequena aconchega-se ao calor da mãe...
Eu deixo as luzes das chamas dançarem nas folhas do livro e ajeito-me para melhor ler, mas paro...
E deito-me.
Sim, durmo.
Ao fechar os olhos, vejo o poeta a tecer versos simples, caminhanhando...
Ele busca algo desconhecido.
Esses são os seus últimos passos
Acho que o lume não dura
Mais do que uma hora, não faz mal...
O sol fará o seu trabalho e eu voltarei ao meu.

Bebo das ondas o eco da sua voz (que permanecem em minha mente)audível por entre a certeza de uma dúvida,
grito e clamo e o som mítico vem me escurecer a alma.

E as raízes que ardem
E me aquecem sem me queimar
Transformam-se em lembranças
Que me enlaçam

Inebriantes, como o seu olhar.

Nenhum comentário: