Só posso escrever sobre SAUDADES (isso mesmo, todinha maiúscula), e aí vai um poema de uma das poetisas mais completas que tive o prazer de "conhecer": a Zila Mamede.
Esse poema é de um livro chamado "Rosa de Pedra", foi o seu primeiro livro (1953), classificado pela autora como apenas intuitivo, foi considerado como um dos melhores livros de versos brasileiros por ninguém menos que Manuel Bandeira.
Aí vai ele:
SONETO TRISTE PARA MINHA INFÂNCIA
De silêncios me fiz, e de agonia
vi, crescente, meu rosto saturado.
Tudo de mágoa e dor, tudo jazia
nos meus braços de infante degredado.
Culpa não tinha a voz que em mim nascia
pedindo esses desejos - sonho ousado
por onde o meu olhar navegaria
de cores e de anseios penetrado.
Buscava uma beleza antecipada
- a condição mais pura de harmonia
nessa infância de medos tatuada,
procura que, em meu ser, superaria
a minha triste infância renegada.
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