sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Inspirada em...

Bem, essa é a primeiríssima vez que escrevo aqui; e o que é melhor: ouvindo "Primavera" (Los Hermanos)!!! Mas, o que me fez querer fazer parte desse mundo de exposição, foi uma necessidade de compartilhar algumas reflexões (por mais insanas que possam vir a ser!) com pessoas que fazem parte (direta ou indiretamente) da minha vida...

Só posso escrever sobre SAUDADES (isso mesmo, todinha maiúscula), e aí vai um poema de uma das poetisas mais completas que tive o prazer de "conhecer": a Zila Mamede.

Esse poema é de um livro chamado "Rosa de Pedra", foi o seu primeiro livro (1953), classificado pela autora como apenas intuitivo, foi considerado como um dos melhores livros de versos brasileiros por ninguém menos que Manuel Bandeira.


Aí vai ele:

SONETO TRISTE PARA MINHA INFÂNCIA

De silêncios me fiz, e de agonia
vi, crescente, meu rosto saturado.
Tudo de mágoa e dor, tudo jazia
nos meus braços de infante degredado.

Culpa não tinha a voz que em mim nascia
pedindo esses desejos - sonho ousado
por onde o meu olhar navegaria
de cores e de anseios penetrado.

Buscava uma beleza antecipada
- a condição mais pura de harmonia
nessa infância de medos tatuada,

querendo-me em beber de inacabada
procura que, em meu ser, superaria
a minha triste infância renegada
.


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